sábado, 28 de setembro de 2013

Floresta Amazônica: desmatamento causa impactos no planeta

Floresta Amazônica: desmatamento causa impactos no planeta A maior biodiversidade do mundo espalhada em cerca de sete milhões de quilômetros quadrados – essa é a Floresta Amazônica, que está presente no Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. No país, a área é chamada de Amazônia Legal, com 5.217.423 km², e abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte dos Estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. “A Amazônia é de longe o bioma mais diverso do planeta, com 10% de toda a flora. Para se ter uma ideia, enquanto a Amazônia possui 5.000 espécies de árvores, a América do Norte inteira possui apenas 650”, compara Magno Botelho Castelo Branco, doutor em Ecologia e Recursos Naturais e presidente da organização Iniciativa Verde. “Com toda essa diversidade de climas, solos, relevos e ambientes distintos, conectados geograficamente ou não, a Amazônia é considerada a maior floresta tropical e maior banco genético do planeta, com mais de 1,5 milhões de espécies vegetais catalogadas, além de três mil espécies de peixes e 950 espécies de aves, e uma rica diversidade de répteis, anfíbios, mamíferos e insetos, muitos deles ainda nem catalogados pelos cientistas”, complementa Adriana Maria Imperador, doutora em Ciências da Engenharia Ambiental e professora da Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Há ainda muitos “tesouros” guardados na Floresta Amazônica. “É importante ressaltar que, devido a sua extensão, parte de sua biota (conjunto de seres vivos de um ecossistema) ainda não foi identificada, o que aumenta ainda mais sua importância para a biodiversidade mundial”, diz Branco. De acordo com Adriana, muitas destas espécies podem trazer benefícios imensuráveis ao homem, como a cura de doenças, servir como fonte de alimento, para a produção de remédios e cosméticos, além trazer benefícios ecológicos e ambientais. A Amazônia, segundo a pesquisadora, também apresenta grande diversidade étnica com comunidades tradicionais indígenas, ribeirinhas e de seringueiros, que vivem dos produtos extraídos da floresta e são possuidoras de conhecimento empírico hoje muito valorizado e resgatado por estudiosos do mundo todo. Desmatamento - Mas por que uma área tão rica em recursos naturais não recebe a proteção adequada e tem o desmatamento como sua maior ameaça? Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2011, a taxa de desmatamento da Amazônia Legal foi de 6.238 km². Já o acumulado de 1988 a 2011 chegou a 392.021 km². “O desmatamento realizado para a agropecuária ainda é a maior ameaça à floresta primária da Amazônia. Isto se deve principalmente ao tamanho das áreas desmatadas para a formação de pastagens e produção de grãos. Intervenções de minerações e de hidrelétricas são mais drásticas, porém a escala é sempre bem menor do que da agropecuária”, explica Niro Higuchi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Para o pesquisador, a exploração seletiva de madeira também representa uma importante ameaça à integridade da Amazônia. “Há uma lógica perversa que indica que os Estados da Amazônia que mais produzem madeira são também os que mais a desmatam”, ressalta. Branco, por outro lado, acredita que atribuir à criação de gado o papel de grande vilã do desmatamento é injusto. “Outros vetores são também importantes. A pecuária se expande para as áreas de floresta por ser literalmente empurrada para essas áreas, visto que é uma das atividades que menos remunera a terra. Quando ocorreu a expansão da cultura da cana-de-açúcar no Sudeste para a produção de etanol, por exemplo, tivemos um deslocamento da pecuária e de outras culturas para as áreas de terra com menor custo de oportunidade, o que inclui a Amazônia”, esclarece. O desmatamento é uma consequência de várias forças que resultam na ocupação sem planejamento da floresta. “A construção de estradas de rodagem é uma delas, pois as rodovias fomentam o desmatamento ao longo de seus eixos, o que ocorreria em intensidade muito menor se construíssemos ferrovias”, defende. Já Adriana destaca as origens históricas do desmatamento: “a Amazônia ficou esquecida durante mais de quatro séculos e as populações que habitavam este ambiente permaneceram praticamente isoladas. Durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), a ocupação foi estimulada por um programa de avanço das fronteiras”, aponta. Somente na década de 1970, expõe ela, a ocupação se deu de forma mais efetiva com a política de “integrar para não entregar”. “Desde então, muitos brasileiros migraram para o norte do país com a intenção de ganhos imediatos à custa da derrubada da floresta. Esta ocupação desordenada repercutiu no desmatamento com vistas à urbanização, à criação de gado e às práticas agrícolas”, destaca. Impactos - O desmatamento reduz a biodiversidade, causa erosão dos solos, degrada áreas de bacias hidrográficas, libera gás carbônico para a atmosfera, reduz a umidade do ar, causa desequilíbrio social, econômico e ambiental. “A redução da umidade na Amazônia pode reduzir as chuvas na região centro-sul brasileira e até mesmo de outros países. Em 2005, quando a região amazônica sofreu com uma das maiores secas já registradas, o impacto atingiu áreas distantes e acarretou a perda de diversas culturas agrícolas no sul do Brasil e norte Argentina, com um prejuízo incalculável e perdas irreversíveis”, exemplifica Adriana. Além das questões climáticas, o desmatamento causa também muitos prejuízos para a biodiversidade. “Com a perda de habitat, as espécies desaparecem, e com elas se perdem os serviços ambientais que nos prestam: metade da farmacopeia conhecida tem origem em extratos naturais e em substâncias presentes em diversos seres vivos. Compostos medicinais de origem natural são descobertos regularmente e, como parte da biodiversidade amazônica ainda é desconhecida, estamos perdendo esse patrimônio mesmo antes de conhecê-lo”, lamenta Branco. Para Higuchi, as emissões causadas pelo desmatamento são irracionais. “Eu diria que o desmatamento na Amazônia contribui com 2/3 das emissões brasileiras. É difícil aceitar estas emissões como racionais porque a Amazônia contribui com menos de 8% na formação do produto interno (ou doméstico) bruto do Brasil”. Branco explica que a Floresta Amazônica se comporta como um enorme reservatório de carbono atmosférico: “Durante o seu crescimento, as árvores removem enormes quantidades de CO2 da atmosfera – metade da biomassa das árvores é constituída de carbono. Com o desmatamento, todo esse carbono é reemitido para a atmosfera, o que contribui ainda mais para o aumento do efeito estufa”, realça. Como combater - Para coibir o desmatamento, de acordo com o pesquisador do Inpa, é necessário simplesmente cumprir as legislações vigentes. Ele acredita que as ações tomadas até agora não têm sido suficientes por falta de gente para impor as leis. Branco concorda: “As ações tomadas pelo poder público são vitais, mas não bastam. A grande iniciativa do governo consiste nas metas adotadas pela Política Nacional de Mudança do Clima, que prevê a redução do desmatamento para cerca de 20% dos níveis observados no período 1996-2005”, sinaliza. Para ele, é importante que a sociedade exija garantia de origem nos produtos que consome, por exemplo questionando as redes de supermercados se a carne que vendem é oriunda de área de desmatamento ilegal. Adriana cita medidas adotadas no Acre em que a prática do manejo florestal é uma alternativa ao padrão de exploração dos recursos naturais na região. “Minha pesquisa de doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Embrapa, abordou aspectos da Certificação Florestal Comunitária para Produtos Florestais não Madeireiros e apontou que é possível desenvolver e ao mesmo tempo cumprir critérios que indiquem uma postura sustentável que seja ecologicamente correta e viável, e socialmente justa”. Ela destaca também a criação de unidades de conservação de uso sustentável, determinada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, 2000), que estimula o uso sustentável da floresta.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Reajuste pode ser negado

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-brasil/t/edicoes/v/reajuste-salarial-dos-professores-da-rede-publica-pode-ser-barrado/2843962/